O
ambiente hospitalar é um dos poucos onde encontramos todos os riscos existentes
- físico, químico biológico e ergonômico - assim sendo considerado ambiente de
trabalho insalubre.
A
preocupação com os profissionais desta área surgiu na década de 70, quando
pesquisadores da USP enfocaram na saúde ocupacional do profissional desta área,
observado-se que em 1971 ocorreram 4.468 acidentes neste tipo de estabelecimento
no Brasil.
A
conscientização, prevenção, reconhecimento dos riscos no ambiente de trabalho e
treinamento contínuo são essenciais para a segurança dos profissionais da saúde
e pacientes.
- O
SESMT, a CIPA e a segurança
A instrução
normativa número 78 de 2002, define acidente do trabalho "Exercício da
atividade á serviço de empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
especiais, provocando lesão corporal ou pertubação funcional que cause a morte
ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho"
. As razões para explicar o elevado número de ocorrências de acidentes no
ambiente hospitalar são falhas nos projetos de sistemas do trabalho, equipamentos,
ferramentas, deficiência nos processos de manutenção e o fator humano, como
características psicossociais e atitudes negativas para com as atividades prevencionistas.
Os
acidentes de trabalho se dividem em três categorias: típicos - aqueles decorrentes
da atividade profissional realizada pelo indivíduo; de trajeto - ocorrem durante
o percurso entre a residência e o local de trabalho; doenças do trabalho -
ocasionadas por qualquer tipo de doença profissional ligada a determinado ramo
de atividade.
O SESMT -
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho -
classifica os serviços médico-hospitalares como organizações que apresentam
grau de risco número 03, considerados como insalubres, expondo pacientes e
profissionais á riscos variados. É obrigatório o estabelecimento manter o SESMT
e constituir a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), regulamentada
pelos artigos 162 á 165 da CLT. O SESMT como a CIPA são instrumentos que os
trabalhadores e as empresas dispõem para tratar a prevenção de acidentes e das
condições do ambiente de trabalho.
-Norma
Regulamentadora 32 - NR 32
De acordo
com a Norma Regulamentadora 32 (NR-32, 11/11/2005), entende-se por serviços de
saúde qualquer pavimento ou edificação destinada à prestação de assistência a
saúde da população e toda e qualquer ação destinada à promoção, recuperação,
assistência e pesquisa de ensino em saúde seja qualquer nível de complexidade.
Ainda,
consideram-se Agentes Biológicos todos os microorganismos modificados ou não em
laboratório, as culturas em célula, os parasitas, as toxinas e os príons.Essa
norma ainda estabelece que todo e qualquer serviço de saúde deve, conforme
expõe a Norma Regulamentadora 9 (PPRA/ NR 9), cumprir com o Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) que deve conter:
a) a
identificação dos riscos biológicos prováveis no serviço de saúde observando as
fontes de exposição e reservatórios, vias de transmissão, transmissibilidade,
patogenicidade, virulência, persistência do agente biológico no ambiente,
estudos epidemiológicos e outras informações cientificas relacionadas a esses
riscos inerentes a saúde do trabalhador;
b)
avaliação do local de trabalho e do trabalhador atentando-se para a finalidade
e descrição do local de trabalho, a organização e procedimentos realizados no
serviço, possibilidade a exposição e medidas de prevenção aplicáveis e acompanhamento.
Outro
programa que deve ser seguido é o Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO) que deve contemplar: o reconhecimento e avaliação contínua
dos riscos biológicos existentes, a localização das áreas de mais riscos, a relação
contendo a identificação como nomes dos trabalhadores e suas respectivas
funções e o risco que estão expostas, a vigilância médica aos trabalhadores que
trabalham nas áreas de grande risco, e manter o programa de vacinação do trabalhador.
Tanto o
PPRA e o PCMSO devem estar à disposição dos funcionários de fácil acesso a
todos.
Em toda
ocorrência de acidente de Trabalho envolvendo os riscos biológicos com ou sem
afastamento, deve ser preenchida a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e
encaminhada aos órgãos competentes no prazo de 24 horas do ocorrido.
Em caso de
exposição acidental ou incidental as medidas devem obrigatoriamente ser tomadas
mesmo que não conte no PCMSO ou PPRA do estabelecimento de ocorrência.
-Riscos no Ambiente Hospitalar
Para o
Ministério do Trabalho, em sua portaria nº 3214 de 08-06-1978, os Riscos
Ocupacionais Hospitalares são classificados em: risco de acidente, ergonômicos,
físicos, químicos e biológicos.
Riscos
Acidentais: são os
que colocam em situação de perigo o trabalhador, podendo afetar sua integridade
física ou moral. Como exemplo: explosões.
Riscos
Ergonômicos:
tratam-se de riscos que podem interferir nas características psicofisiológicas
do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. Como exemplos têm
os traumatismos de coluna dos profissionais da enfermagem ao realizarem o
translado de pacientes de determinado lugar pra outro.
Riscos
Físicos: são as
diferentes formas de energia que o trabalhador pode estar exposto como calor,
frio, radiações ionizantes.
Risco
Químico: são as
substâncias químicas manipuladas pelos trabalhadores de forma direta ou
indireta no ambiente de trabalho, como: poeiras, névoas e neblinas.
Riscos
Biológicos:
compreendem-se as exposições ocupacionais aos mais diversos agentes biológicos
como vírus, bactérias, e fungos dentre outros.
Os
acidentes de trabalho no ambiente hospitalar são relacionados a vários fatores
de riscos, entre eles estão os agentes físicos, químicos, mecânicos,
biológicos, ergonômicos e psicológicos. Além disso, geralmente somam-se a
outras circunstâncias que no seu conjunto caracterizam uma forma peculiar de
exploração da força de trabalho, como: sobrecarga de serviço, salários
insuficientes, situação ocupacional insatisfatória e mecanismos formais e
informais de controle dos trabalhadores. Tais condições laborais representam
risco sério e preocupante, destacando-se que são freqüentes e mais graves os
acidentes envolvendo trabalhadores enquadrados em menores faixas salariais,
como serviçais de cozinha, limpeza e atendentes de enfermagem.
-Acidentes
e Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
Os
acidentes mais comuns na área hospitalar estão nos setores de enfermagem e
limpeza, na maioria dos casos causados por materiais pérfuro-cortantes como
agulhas, navalhas, bisturis e vidros. Há também transmissões de doenças através
destes materiais e contato com fluídos corpóreos, além de infecções causadas
por microorganismos.Os acidentes ocasionados por picada de agulhas são responsáveis
por 80 a 90% das transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores de
saúde.
Outro setor
do estabelecimento hospitalar que oferece grandes riscos é a sala de Raio X,
local onde o profissional está exposto á radiação ionizante. Para todos setores
do ambiente hospitalar, além da capacitação para determinada função, o
profissional deve receber equipamento de proteção individual, como luvas, aventais
ou capotes, botas, gorros e óculos. O profissional na área de radiologia recebe
aventais e óculos com equivalência de chumbo, pois este material possuí densidade
maior e isola a radiação que o profissional estará exposto. Outro fator importante
para este profissional é a permanência no local. O PPR - Plano de Proteção
Radialógica - visa dentre outras coisas manter a carga de radiação o mais baixo
possível. A radiação é medida através de dosímetro. É importante manter cabelos
presos, não é permitido o uso de adornos
como pulseiras,anéis e brincos e evitar comer e beber em local imprópio.
-Procedimentos para a prevenção
A prevenção
de acidentes de trabalho deve ser uma preocupação manifestada tanto pelos
profissionais quanto pelas instituições hospitalares. Os profissionais devem
ser conscientes em relação à necessidade de conhecer e empregar adequadamente
as normas de biossegurança e exigir segurança no ambiente hospitalar aos seus
empregadores para o exercício assistencial com menor risco para a sua saúde
ocupacional. Isto é de fundamental importância, uma vez que os profissionais de
saúde se opõem à utilização de equipamentos de proteção individual,
subestimando o risco de se infectarem.O Ministério da Saúde recomenda, em caso
de exposição percutânea ou cutânea, à lavagem exaustiva com água e sabão ou
solução antisséptica. No caso de exposição em mucosas, é recomendada a lavagem
exaustiva com água ou solução fisiológica. Afim de que se possa reduzir o
número de acidentes dessa natureza é preciso uma atuação expressiva e eficiente
da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - programa de trabalho dos
profissionais da saúde cujo objetivo é a redução da exposição aos diversos
agentes infecciosos) e do SESMT nos locais de maior ocorrência, para tanto é
necessário que se proceda o reconhecimento de todas as áreas hospitalares bem
como a epidemiologia do tipo de acidente em cada instituição. Assim como os
equipamentos de proteção são importantes para prevenir acidentes e doenças
ocupacionais, a vacinação contra hepatites B , C e AIDS é uma maneira de prevenção.
Excelente.
ResponderExcluirEdenilton Sena
Bombeiro Civi
tel. (071) 8819-0490
Very good.
ResponderExcluirpara evitar os acidentes de trabalho devemos usar sempre os EPIS corretamente , pois a vida é uma só por isso devemos cuidar bem dela.
ResponderExcluirOs Epis são de suma importância, pois além do cuidado que temos que ter com o paciente, há também um cuidado voltado a nossa vida, para que possamos prestar um serviço de qualidade. Os riscos existem, mais se equipados eles tendem a ser menores!
ResponderExcluirOtimo texto!
ResponderExcluirSou estudante de segurança do trabalho pelo IFRN. A Segurança do Trabalho é de qual área? Construção civil ou Saúde do Trabalhador?
todas
ExcluirBOm saber disso. Porque sendo área de saúde, posso acumular cargos conforme a CF/88. Né isso?
ExcluirToda área de trabalho tem algum tipo de risco ocupacional.
ExcluirQue texto maravilhoso, estudo em Harvard-EUA, Biomedicina para ser mais preciso, ajudando até no exterior, parabéns!
ResponderExcluirInfelismente ainda hoje se ve muitos profissionais fazendo vacinas e administrando remedios sem luvas; conheço pessoas que viram profissionais nem esterelizar a pele antes da vacina. Lamentavel.
ResponderExcluirEnfim vcs estao de parabens, ótima materia!obrigada por compartilhar! :)
ResponderExcluirInfelismente ainda hoje se ve muitos profissionais fazendo vacinas e administrando remedios sem luvas; conheço pessoas que viram profissionais nem esterelizar a pele antes da vacina. Lamentavel.
ResponderExcluirMuito bom o texto! Pode me passar as referencias??
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